No cenário atual da segurança cibernética, muitas empresas investem significativamente em ferramentas e processos para proteger seus ativos digitais. No entanto, uma parcela considerável dessas organizações comete um erro crítico: priorizam incorretamente as vulnerabilidades, deixando brechas significativas expostas a potenciais ataques.

De acordo com um relatório da Tenable, apenas 40% das empresas acreditam gerenciar efetivamente a priorização de vulnerabilidades, enquanto o restante enfrenta desafios nesse processo.Essa falha invisível na priorização pode transformar vulnerabilidades aparentemente insignificantes em portas de entrada para cibercriminosos, resultando em consequências devastadoras.
Como, então, as empresas podem assegurar que estão focando nas vulnerabilidades certas? É exatamente sobre esses pontos que iremos explorar ao longo desse artigo.
O que significa priorizar vulnerabilidades?
O que são vulnerabilidades e como surgem?
A maioria dos ambientes corporativos lida diariamente com um grande volume de vulnerabilidades em seus sistemas. Vulnerabilidades são falhas ou fraquezas em softwares, redes ou dispositivos que podem ser exploradas para comprometer a segurança da informação. Elas surgem devido a diversos fatores, como erros de configuração, falhas de código e dependências de terceiros desatualizadas.
Nem toda vulnerabilidade representa o mesmo risco
No entanto, nem todas as vulnerabilidades representam o mesmo nível de risco. Algumas falhas são críticas e podem ser exploradas imediatamente por hackers, resultando em vazamentos de dados, sequestro de informações via ransomware ou até a paralisação de serviços essenciais. Outras, apesar de tecnicamente serem vulnerabilidades, não possuem um potencial realista de exploração, tornando-se menos prioritárias para uma correção imediata.
O erro de priorizar quantidade em vez de risco real
Empresas frequentemente caem no erro de priorizar a quantidade de vulnerabilidades corrigidas, em vez de focar no risco real que elas representam. Essa abordagem pode gerar um falso senso de segurança, pois resolver um grande número de falhas não significa necessariamente que os riscos mais críticos foram mitigados. Segundo um relatório da Tenable (2024), cerca de 60% das empresas falham na priorização correta das vulnerabilidades, o que as deixa expostas a ataques mesmo após processos de correção.
Além disso, outro erro comum é confiar exclusivamente na pontuação CVSS para definir a criticidade de uma vulnerabilidade. De acordo com a Tenable, essa abordagem pode ser falha, pois a classificação CVSS não considera o contexto específico de cada organização. Uma vulnerabilidade pode ter um score alto no CVSS, mas ser pouco explorável no ambiente real da empresa, enquanto outra com pontuação menor pode representar um risco muito maior, dependendo da infraestrutura e exposição do sistema.
A solução para esse problema envolve um modelo de priorização contextual, que leva em conta fatores como acessibilidade da vulnerabilidade, impacto potencial no negócio e probabilidade de exploração por atacantes, garantindo que os esforços sejam concentrados nas falhas que realmente apresentam maior perigo.
A análise de acessibilidade como solução estratégica
Uma abordagem mais eficaz para a priorização de vulnerabilidades envolve a análise de acessibilidade. Essa metodologia busca identificar quais falhas são realmente exploráveis no ambiente específico da empresa, garantindo que a equipe de segurança foque na mitigação dos riscos mais relevantes.
Por exemplo, um vazamento de credenciais em um banco de dados exposto à internet representa um risco muito maior do que uma falha em um serviço interno sem conexão externa. Priorizar corretamente as vulnerabilidades significa entender o impacto potencial de cada falha dentro da realidade da empresa e agir de forma estratégica para mitigar os riscos mais urgentes primeiro.
O erro mais comum: Empresas corrigem as vulnerabilidades erradas
Foco excessivo no volume: um problema recorrente
Muitas organizações acreditam que estão fortalecendo sua segurança ao corrigir o maior número possível de vulnerabilidades. No entanto, essa abordagem pode ser um erro fatal, pois nem toda vulnerabilidade corrigida realmente reduz o risco cibernético da empresa.
O primeiro erro comum é o foco excessivo no volume. Empresas que adotam essa mentalidade priorizam corrigir falhas menos relevantes simplesmente para reduzir números em relatórios internos ou atender a requisitos regulatórios, enquanto vulnerabilidades críticas permanecem abertas. De acordo com um estudo da Tenable (2024), 60% das empresas falham na priorização correta das vulnerabilidades, expondo-se a riscos significativos.
O impacto da falta de contexto de risco
Esse problema se agrava com a falta de contexto de risco. Uma falha que pode ser insignificante para um e-commerce, por exemplo, pode ser devastadora para um banco que lida com dados altamente sensíveis. Apenas 3% das vulnerabilidades frequentemente resultam em riscos significativos, segundo pesquisas recentes, o que reforça a necessidade de uma avaliação criteriosa antes de qualquer correção.
Outro erro estratégico frequente é priorizar falhas “fáceis” de corrigir apenas para cumprir exigências de compliance. Muitas empresas implementam patches superficiais para atender auditorias, mas deixam de lado vulnerabilidades críticas que representam riscos reais de invasão. Esse tipo de abordagem leva a um falso senso de segurança, deixando brechas exploráveis por cibercriminosos.
A importância da automação na gestão de vulnerabilidades
A falta de automação na gestão de vulnerabilidades é um fator que contribui para essa falha estratégica. Sem o suporte de ferramentas inteligentes, as equipes de segurança acabam sobrecarregadas, tomando decisões baseadas em urgência e não em impacto real. Processos manuais dificultam a identificação e priorização das vulnerabilidades mais críticas, tornando a organização um alvo mais vulnerável a ataques.
Para evitar esse erro, as empresas devem adotar uma abordagem baseada em risco, e não apenas no volume de falhas corrigidas. A implementação de tecnologias automatizadas, aliadas a uma análise contextual das vulnerabilidades, permite que as organizações foquem na mitigação dos riscos mais urgentes e evitem desperdício de tempo e recursos com correções ineficazes.
Como os cibercriminosos exploram essa falha invisível?
Hackers exploram falhas negligenciadas pelas empresas
Hackers e grupos cibercriminosos monitoram constantemente as práticas de segurança das empresas, buscando falhas que tenham sido negligenciadas. Eles sabem que muitas organizações corrigem vulnerabilidades sem um critério claro e exploram justamente as falhas que não receberam a devida atenção.
Ataques automatizados: varrendo redes em busca de brechas
Os criminosos utilizam ataques automatizados para varrer redes corporativas em busca de brechas não corrigidas. Se uma vulnerabilidade conhecida ainda estiver ativa, eles conseguem explorá-la rapidamente, antes que a empresa perceba o risco. Essa abordagem tem se tornado ainda mais eficiente com o uso de inteligência artificial, que permite ataques mais sofisticados e direcionados.
O uso da inteligência artificial para aprimorar ataques
Em 2024, ataques cibernéticos atingiram números recordes, com hackers utilizando IA para criar mensagens de phishing extremamente convincentes, e até mesmo clonar vozes para aplicar golpes de engenharia social, como vishing .
BYOVD: A nova tática para comprometer sistemas
Outra técnica avançada explorada pelos hackers é o BYOVD (Bring Your Own Vulnerable Driver), que permite a exploração de vulnerabilidades em controladores do Windows para desativar soluções de segurança e instalar malwares nos sistemas das vítimas. Esse tipo de ataque cresceu 23% apenas no segundo trimestre de 2024, tornando-se um dos vetores mais explorados no ano passado.
Dependências de terceiros: um risco crescente na cadeia de suprimentos
A exploração de dependências de terceiros continua sendo uma preocupação crescente. Empresas que utilizam softwares de fornecedores externos podem estar expostas a vulnerabilidades nesses sistemas. Ataques à cadeia de suprimentos tornaram-se mais frequentes em 2024, com hackers explorando vulnerabilidades em softwares de terceiros para invadir múltiplas organizações simultaneamente.
Mesmo falhas conhecidas há anos continuam sendo exploradas. A vulnerabilidade Log4Shell, descoberta em dezembro de 2021, afetou milhares de empresas globalmente. Mesmo depois de três anos, muitas organizações ainda não aplicaram as correções adequadas, permitindo que hackers utilizem essa falha como uma porta de entrada para ataques.
A combinação dessas técnicas faz com que os cibercriminosos tenham uma vantagem estratégica, pois exploram vulnerabilidades ignoradas antes que as empresas tomem consciência do problema. Com ataques cada vez mais rápidos e sofisticados, a falha na priorização de vulnerabilidades pode ser o elo fraco que abre caminho para um grande incidente de segurança.
As consequências de uma má gestão de vulnerabilidades
Roubo de dados e exposição de informações sigilosas
A falta de uma estratégia eficaz na priorização de vulnerabilidades pode gerar impactos severos para qualquer organização. Uma brecha ignorada pode ser o suficiente para resultar em roubo massivo de dados, expondo informações confidenciais de clientes e parceiros. Além disso, empresas que não corrigem vulnerabilidades críticas podem enfrentar multas pesadas por descumprirem normas como a LGPD e ISO 27001.
Prejuízo financeiro: o alto custo de uma violação de dados
O impacto financeiro de uma violação de dados também é alarmante. De acordo com o relatório “Cost of a Data Breach 2024” da IBM, o custo médio global de um incidente de segurança atingiu US$ 4,88 milhões, representando um aumento contínuo nos últimos anos. No Brasil, esse custo médio chega a R$ 6,75 milhões, com o setor de saúde liderando os prejuízos. Esse valor reflete gastos com recuperação, perda de receita, danos à reputação e penalizações regulatórias.
Interrupções operacionais e impactos na continuidade do negócio
Além das perdas financeiras, um ataque pode comprometer a operação da empresa, interrompendo sistemas críticos e afetando a continuidade dos negócios. O tempo de resposta também é um fator decisivo: segundo estudos, organizações que levam mais tempo para detectar e conter uma violação enfrentam custos significativamente mais altos.
Danos à reputação e perda da confiança do mercado
Outro impacto grave é a reputação corporativa. Empresas que sofrem violações de dados frequentemente perdem credibilidade no mercado, afastam clientes e podem sofrer danos permanentes à sua imagem. Uma tendência preocupante identificada em 2024 é que 63% das organizações planejam repassar os custos das violações de dados para os consumidores, aumentando o preço de seus produtos e serviços. Esse movimento não apenas compromete a confiança do público, mas pode gerar impactos negativos na competitividade da empresa.
Com o crescimento acelerado da computação em nuvem, novos desafios surgem. Ambientes de nuvem pública agora representam os alvos mais lucrativos para cibercriminosos, pois armazenam grandes volumes de informações sensíveis. O custo médio de uma violação de dados na nuvem atingiu US$ 5,17 milhões, reforçando a necessidade de gestão contínua e rigorosa de vulnerabilidades nesses ambientes.
Diante desse cenário, não basta apenas corrigir vulnerabilidades – é preciso corrigi-las estrategicamente. Empresas que falham na priorização de riscos não apenas expõem seus sistemas a ataques, mas também comprometem seu futuro financeiro e sua reputação no mercado.
Como reduzir o risco invisível?
Corrigir vulnerabilidades não é o suficiente: a importância da estratégia
A segurança cibernética não é apenas sobre corrigir vulnerabilidades, mas sobre corrigi-las de forma inteligente. Empresas que priorizam falhas de maneira errada correm um risco invisível: acreditam estar protegidas, enquanto brechas críticas continuam abertas para exploração.
Cibercriminosos não desperdiçam esforços atacando qualquer vulnerabilidade. Eles exploram falhas específicas e estratégicas, sabendo que muitas empresas negligenciam brechas silenciosas, mas altamente exploráveis. O problema não está apenas na existência dessas vulnerabilidades, mas na falsa sensação de segurança que muitas organizações têm ao corrigir o que parece ser mais urgente, sem uma visão clara do real impacto de cada ameaça.
A pergunta essencial não é “Quantas vulnerabilidades corrigimos?”, mas sim “Estamos corrigindo as certas?”.
Como mitigar riscos e fortalecer a segurança cibernética
Adote uma estratégia baseada em risco, não apenas em volume. Nem toda vulnerabilidade representa uma ameaça imediata. Priorize o que pode ser explorado e causar impacto real no seu negócio.
Utilize ferramentas avançadas de análise de ameaças. A tecnologia pode ajudar a identificar falhas que, à primeira vista, parecem inofensivas, mas que podem abrir caminho para ataques devastadores.
Invista em monitoramento contínuo e respostas rápidas. Detectar um ataque antes que ele aconteça é a chave para evitar danos financeiros e operacionais severos.
Trabalhe com especialistas em cibersegurança. Contar com uma visão externa especializada pode eliminar pontos cegos na sua estratégia de segurança e garantir que a priorização de vulnerabilidades seja feita com inteligência.
Por que contar com especialistas pode ser o diferencial?
A Asper, como referência em segurança cibernética, ajuda empresas a enxergar além do óbvio, trazendo uma abordagem precisa e eficaz para a gestão de vulnerabilidades. Não se trata apenas de corrigir falhas, mas de proteger o que realmente importa.
Se sua empresa não souber quais vulnerabilidades corrigir primeiro, pode estar deixando a porta aberta para o próximo ataque.
Você tem certeza de que está protegendo os pontos certos?
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